sexta-feira, 27 de abril de 2018

A abominável porta comedora de dedos


Na semana passada vivemos uma cena de terror. Calma, nada trágico, foi um acidente do dia a dia,  um susto pra deixar "todo mundo esperto".

Fui buscar as crianças no colégio, andamos até o carro, coloquei as mochilas no porta-malas e fechei. Um grito me fez despertar do "modo automático". Pensem num urro de dor... foi o que ouvi (e continuei ouvindo por dias nos meus piores pesadelos, tive até insônia). Quando percebi o que tinha acontecido, respirei fundo pra não passar mal e tentei agir rápido. Sofia estava com a mão apoiada na lateral do carro bem na hora em que fechei o porta-malas e o dedinho ficou preso. Abri rapidamente, com a maior aflição em olhar o estrago. Alívio! O dedinho estava inteiro! Amassadinho e um pouco roxo bem na parte de baixo, a mais gordinha. Ela chorava muito e, pasmem, sofria dizendo repetidas vezes que ia perder o treino de ginástica artística (que seria no período da tarde). Pedi para que dobrasse o dedo e ela conseguiu. Para evitar muito inchaço, saímos correndo para a enfermaria da escola, onde ela fez compressa gelada por alguns minutos. 

Para que todos fiquem tranquilos, já informo que fomos ao hospital, ela fez raio x, não tinha nada quebrado. Fez mais uns dias de compressa e ficou ótima. Ah! E não precisou faltar às aulas de ginástica, porque estava bem disposta e a professora adaptou o treino para que ela fizesse alongamentos e exercícios de perna enquanto o dedo estava sensível.

Depois dessa emoção toda, lembrei que, há alguns anos, minha mãe também se machucou assim... Duas vezes!!! Prendeu, com ela mesma fechando, o dedo na porta do carro... Ficou bem feio, inchado e roxo, mas também, assim como a Sofia, não quebrou.

Meu pai me contou que fechou há pouco tempo o dedo dele no porta-malas também!

Ontem tive a comprovação de que esse tipo de acidente é mais comum do que eu imaginava. Ao final do treino de ginástica Sofia veio conversar comigo:

- Mãe, sabe aquelas duas amigas minhas, que são irmãs, e fazem treino comigo? A Diana e * (esqueci o nome que a Sofia me falou).
- Sei, Sossô.
- Hoje elas faltaram no treino. Acredita que as duas se machucaram como eu?!
- Como assim?
- A mãe delas foi fechar a porta do carro,as duas estavam com as mãos apoiadas e prendeu as duas de uma vez!

Uau! E eu achando que tinha sido a pior mãe do mundo, prendendo um dedinho. Nem imagino o que essa mãe sentiu, prendendo os dedos de duas filhas de uma vez...

Então fica o aviso! Antes de fechar portas (de carro ou qualquer outra!), chequem se não tem um dedinho dando bobeira por ali!!!


O dedinho da direita é o acidentado

terça-feira, 24 de abril de 2018

Memórias a pino


É curioso como algumas situações fazem nossa memória trabalhar e trazem de volta momentos escondidos lá no fundo do baú. Hoje, o que ativou minha memória foi um programa que adoro, da Radio Eldorado, o Som a Pino, apresentado por Roberta Martinelli. A produção do programa está preparando um especial chamado "Memórias a Pino", que será feito com histórias dos ouvintes relatando um momento de suas vidas marcado por uma música.


Roberta Martinelli, do Som a Pino

Comecei então a pensar no assunto e percebi que minha vida é toda "musicada". Não tenho UMA história, mas dezenas delas (calma! Não vou contar todas aqui, podem continuar lendo), com várias músicas como trilha sonora. Dessas dezenas, notei que Chico Buarque e Vanessa da Mata estão no meu ranking top 10 de histórias.

Nasci em 1976, mesmo ano do lançamento do disco "Meus Caros Amigos", de Chico Buarque. A primeira faixa do disco fez literalmente minha cabeça desde bebê. Bastava que "O que será" tocasse e eu balançava a cabeça de um lado para o outro no ritmo da música. É o que me contam... não vou mentir... não tenho lembranças de ter feito isso, mas acredito, porque adoro essa música até hoje.

Alguns anos mais tarde, eu já devia ter uns 12 anos, "O que será", e todas a outras do mesmo disco, marcaram minhas férias chuvosas na praia. Eu estava em Ilhabela com minha mãe, meu irmão e uma amiga, a Paula Andrade (mulher de verdade, como a gente sempre brincava. Pensem numa pessoa divertida...ela é muito!!!!). Choveu sem parar por dias seguidos e ficamos em casa enclausurados. O disco "Meus Caros Amigos" deve ter sido tocado umas 20 vezes (além de outros do Chico, pois ele é sem dúvida o super favorito da minha mãe há anos) embalando nossas muitas tardes e noites jogando baralho enquanto a chuva caía lá fora. 

As músicas não marcam apenas momentos felizes... 

Infelizmente, Chico marcou minha vida, vejam a ironia, com a música “Tatuagem". Ela tocava bem na hora em que sofri um acidente bem feio de carro, há 15 amos, numa estrada. Fiquei um tempo sem ouvir essa música, mas a "tatuagem" que tenho na memória, me dá a certeza de o quanto fui privilegiada em sair de um acidente, de perda total do carro, viva, sem um arranhão. Ah! Detalhe curioso: isso aconteceu dois dias antes do meu aniversário. O bombeiro que me socorreu, ao olhar meu RG, falou: "menina, você já ganhou seu presente".

Nos anos seguintes, Chico continuou na trilha sonora da minha vida, mas os fatos marcantes em minha memória regatada hoje foram todos com Vanessa da Mata ao fundo.

O mais inesquecível, não pelo fato em si, mas pela repetição dele, foi ao som de "Amado". Uma das minhas músicas favoritas da Vanessa da Mata foi a escolhida para tentar fazer a Sofia dormir quando era bebê. Eu amamentava, trocava a fralda e ela não dormia... lá ia eu ligar o som e dançar um pouquinho cantando "Amado". Sofia gostou e dificultou o meu trabalho para colocá-la para dormir diariamente. Só dormia ouvindo essa música (e às vezes todas as outras do cd para meu desespero). 

Pra encerrar o tema, uma memória "musicada" que me marcou muito foi, de novo, com Vanessa  da Mata cantando Sabiá. De quem? Olha ele de volta: Chico Buarque. Dessa vez, com Tom Jobim, para ficar mais maravilhoso. 

A tarde era linda, num parque, projeto Nívea (um projeto com shows anuais, gratuitos, com um artista homenageado. Naquele ano, Tom Jobim), repertório maravilhoso, Vanessa da Mata cantando, meu marido junto comigo... Tudo já suficientemente emocionante para mim. Eu estava feliz, cantando e aproveitando aquele momento especial quando os primeiros acordes de uma música me deram "um nó na garganta", tentei segurar as lágrimas que teimavam em sair sem controle e sem economia... Em vão... me acabei. Vanessa cantava "Sabiá" e eu chorava loucamente, aos soluços. Meu marido ficou assustado, perguntou por que eu estava tão emocionada. A resposta? Não consegui dar. Não soube explicar, não sei explicar ainda. Como diz Chicó, do Auto da Compadecida (Ariano Suassuna), "não sei, só sei que foi assim". 

E chorei de novo com "Sabiá", na semana passada, quando Chico Buarque cantou em seu show. 

Com lágrimas, com risadas, a música está sempre presente. Não tem explicação (nem tem que ter!) o que faz o momento ser especial para cada um. Acredito que não precisa fazer sentido, a gente sente, fica marcado e pronto. Cada um com seu repertório, cada um em um nível de intensidade. Eu sou pisciana, meu nível é sempre o extra alto...com direito a lágrimas e até soluços.



Sabiá 
Chico Buarque e Tom Jobim

Vou voltar!
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir
Cantar uma Sabiá...

Vou voltar!

Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira que já não há
Colher a flor que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia...

Vou voltar!

Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada

De te esquecer...

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Colhendo abacates


No sábado passado foi aniversário de uma amigona, a Maria Rosa. Numa conversa que tivemos uma semana antes, ela me garantiu que não faria nada nesse ano, que estava cansada, estava velha (!!! Uma idosa de 36 anos...), não queria comemorar. Papo vai, papo vem e minha amiga, super decidida (temos esse ponto em comum, não somos boas com um "não" definitivo), mudou seu discurso e disse: 

"Então fechou, sábado, churrasco de aniversário!".

A comemoração que não ia existir, existiu. Foi tão gostosa... Entre churrasco, piscina aquecida para as crianças, música boa, ótimos papos, uma versão de "parabéns" única, em ritmo de samba (sempre puxada pelo Roque, pai da Maria Rosa. Não sei explicar, mas fico sempre emocionada com esse parabéns, que só acontece nessa família linda), ainda tivemos uma sessão de "colheita de abacates". O abacateiro estava carregado e, a pedido da Nídia, mãe da Maria e dona da casa deliciosa, cada um foi embora com um bom estoque de abacates, enormes e lindos.

Parece uma coisa sem importância, mas colher abacates na festa da Maria Rosa, foi uma experiência mágica para Sofia e Tomás, ficaram muito felizes. Observar uma árvore, perceber a quantidade de frutos que ela dá, fazer força para conseguir retirar a fruta do galho, conseguir pegar um abacate lá do alto da árvore, depois manter o equilíbrio da vara para que a fruta não espatife no chão, tomar umas picadas de insetos nas pernas enquanto isso, olhar em volta e perceber que todo mundo que estava na casa participava daquele momento de sua forma, assistindo ou ajudando, dando risada ou morrendo de medo de um abacate cair na cabeça de alguém, mas, acima de tudo, desconectando da tecnologia (ops! menos da câmera fotográfica do celular, que foi usada para registrar o momento) e vivendo mais intensamente.

Nesse sábado o tempo passou mais devagar, devagar o suficiente para nos dar a chance de enxergar que são momentos como esse fazem a vida valer a pena. Que esse abacateiro esteja sempre carregado e precisando de muitos amigos para ajudar na colheita!



sexta-feira, 13 de abril de 2018

Eu te amo

Abril é um mês que me deixa um pouco mais sensível. Inevitavelmente lembro com muitas saudades que dia 23 seria o aniversário da minha avó materna, Maria Emília. Ela se foi no início da Copa da Alemanha, em 2006, ou seja, há 12 anos me fazem falta sua companhia, seu sorriso, sua leveza, seu amor.

Porém, antes que as lembranças sejam motivo de tristeza, me esforço para refletir sobre uma visão muito bonita e sensível de como lidar com essa separação, que foi mostrada na animação "Viva, a vida é uma festa". Os mortos não devem ser lembrados com tristeza, muito menos esquecidos. Na história, que retrata o "Dia dos Mortos", no México, aqueles que já se foram são festejados, suas histórias são contadas às novas gerações, com alegria e respeito, exatamente para nunca caírem no esquecimento, afinal, fazem parte da história da família.

Minha avó Maria Emília merece muito ser festejada, lembrada e ter sua história passada aos bisnetos e próximas gerações.

Pensem numa pessoa especial, com jeito doce de falar, calma, com um sorriso encantador, extremamente amorosa e paciente.

Ela amava animais, sempre tinha pelo menos 3 cachorros em casa, acolhia todos os gatos que aparecessem e decidissem morar em seu quintal, dava nomes a todos.

Ela adorava comer queijo branco com bolacha água e sal (sempre dividindo, um pedaço pra ela e outro pro Fred, seu basset gorducho e mal humorado, que detestava pessoas beijando-se ou abraçando-se perto dele), amava pudim de leite e não podia faltar um pote com bolachas de waffle de chocolate na mesa da sala para ela dar aquela beliscada enquanto assitia tv e fazia tricô.

Falando em tricô, ela tricotava muuuuito rápido! A produção era intensa e todo mundo da família ganhava frequentemente blusas feitas por ela. Os netos eram presenteados com camisolões de tricô (feitos com todas as sobras de lã das receitas que havia feito) para colocar por cima do pijama em noites muito geladas.

Minha avó não sabia nadar e morria de medo de galinhas (nunca descobrimos o por quê).

Ela não tinha uma relação hierárquica com as pessoas que trabalhavam na casa dela, muito pelo contrário, era um relação de tanto carinho, tanta proximidade, tanta liberdade, que a Maria, sua companheira fiel, esteve ao lado dela até o último minuto, não como funcionária, mas como uma amiga fiel e amorosa e eu tive muita sorte, ganhei assim mais uma avó maravilhosa.

Ela não era vaidosa, não usava maquiagem, não pintava os cabelos, mas vivia querendo me levar para fazer limpeza de pele na Ana Pegova. Talvez esses convites fossem apenas um aviso: "ou você aceita ou eu te pego de jeito para espremer uns cravos". Ela adorava ficar cutucando os cravos de quem desse uma bobeira perto dela.

Ela tinha mania de arrumação, vivia ajeitando os porta-retratos que estavam "tortos" na decoração da sala (acho que herdei isso, juro, é incontrolável, peço desculpas a todos os envolvidos nas minhas neuroses por arrumação).

Quando fui morar sozinha, ela me visitava e ia direto para a cozinha lavar qualquer louça que eu tivesse deixado na pia, mesmo se fosse apenas um copo.

Ela era extremamente generosa. Novamente voltando ao ano em que fui morar sozinha, ela comprou várias coisas que eu precisava para o novo apartamento e sempre foi assim, precisando de alguma coisa, lá estava ela pra dar um jeitinho e comprar.

Ela adorava dirigir, sempre a no máximo 30km por hora e dizia que adoraria ser motorista de ambulância!!! Era uma vontade real, não brincadeira!!!

Ela se divertia assistindo filmes tipo "sessão da tarde", dava muita risada toda vez que assistia pela milésima "Mudança de Hábito", com Whoopi Goldberg, ou "Casamento Grego".

Ela adorava música e entre os preferidos estavam Frank Sinatra e Chico Buarque.

Minha avó se foi antes da Sofia nascer. Nem chegou a me ver grávida. Porém, tive a sensação de que ela sempre esteve ao meu lado nos 9 meses de gestação e, principalmente, nas longas noites mal dormidas dos primeiros meses da Sofia. Em uma das madrugadas difíceis, em que, é até meio óbvio dizer, eu estava exausta, Sofia não dormia de jeito nenhum. Já tinha mamado e trocado fraldas algumas vezes. Finalmente pegou no sono, coloquei-a cuidadosamente no berço e fui tentar dormir. Pra meu desespero, ouvi um princípio de choro... parou... começou a chorar de novo. Eu estava exausta e tentando dormir de novo, relutei em levantar e ir ao quarto dela. Então ouvi, vindo do quarto da Sofia, uma mulher cantando docemente "Eu te amo", do Chico Buarque:

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

Meu coração disparou, Sofia instantaneamente parou de chorar. Eu não sabia se chorava de emoção ou se aproveitava e dormia. Claro, não consegui dormir, mas também não levantei da cama. A mulher parou de cantar, Sofia dormiu por horas e eu fiquei ali pensando no que tinha acabado de acontecer. Não posso ter certeza, claro, mas acredito que minha avó deu uma passadinha para ver a bisneta e me ajudar a descansar um pouco.

O aniversário dela se aproxima e espero que tenha conseguido vir nos fazer outra visitinha ontem e aproveitar um presente de aniversário adiantado muito especial...  Eu e minha mãe ganhamos, do meu irmão e da minha cunhada, ingressos para o show do Chico Buarque. Nem preciso dizer que foi emocionante. No repertório, várias antigas como "Todo Sentimento", "Gota D´ Água", "Sabiá"... Não cantou "Eu te amo", infelizmente, mas compensou com muitas outras maravilhosas. Chico encheu nossa noite de boas lembranças, de amor, de alegria e da certeza de que a vida é boa (muito boa!), mesmo com suas eventuais e inevitáveis dores e separações. Depende de nós manter tudo vivo na memória e no coração diariamente.



As camisolas de lã :)

Pedro com o ranzinza fofo Fred

Chupando dedo no colo da vó...

Minhas 3 avós

Ontem, no show do Chico

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Menino munito


Tomás passou por uns meses de alteração de humor no ano passado. 
De uma criança com temperamento tranquilo, amoroso e pacífico ele nos enlouqueceu com uma prévia do pior esteriótipo de adolescente que você pode imaginar.  Foram meses difíceis, de teste de paciência. Sobrevivi.

Como tivemos uma mudança de apartamento, talvez tenha sido essa a causa da alteração  repentina de comportamento. Tomás é bem metódico, apegado à rotina, a objetos, ao seu espaço. A mudança o deixou transtornado. Ele achava que teria que mudar de escola, que não levaria nada do seu antigo quarto e que não veria mais seus amigos. Talvez as referência que teve de mudança tenham sido assim radicais... amigos que estudaram com ele e que mudaram de colégio, foram morar em outra cidade, nunca mais deram notícia.

Mas, no nosso caso, era uma simples mudança para um bairro vizinho, mais perto da escola.

Mudança concluída, com todos seus brinquedos levados para o novo endereço, mesma escola, mesmos amigos, nova (e melhor!) rotina... Resultado: com suas covinhas, cabelos cacheados e bom humor, ele voltou a ser apaixonante. O Tomás original voltou!!!!

Depois da mudança, uma novidade na rotina do Tomás: aulas de futebol na escolinha do Corinthians. Se faltava alguma coisa para que seu humor e alegria voltassem definitivamente, agora não falta mais.  Ele acorda na maior disposição e felicidade para ir ao treino. Corre incansavelmente por 1:30. Sai de lá sempre feliz.

Ao final da última aula, o professor chamou-o na saída e, dando um abraço apertado, falou: 

"Tomás, você é muito fofinho. Eu gosto muito de dar aula pra você!"

Ele ficou vermelho, sorriu timidamente mostrando suas covinhas e foi embora transbordando de alegria. E eu de orgulho do menino lindo por dentro e por fora que ele é. Um menino muito "munito", como ele falava quando era pequenininho...

Postagem de 2013, com Tomás falando em como se achava "munito":




terça-feira, 10 de abril de 2018

Minha atleta


Não é novidade que Sofia leva a sério tudo o que se propõe a fazer. Em se tratando de ginástica artística, que ela treina há alguns anos, o nível de seriedade está altíssimo há muito tempo. Mesmo estando atualmente no chamado "semi-treino" (ainda há o "treino" e o nível "atleta de competição"), ela encara sua rotina como se fosse uma ginasta profissional, uma  Flavia Saraiva, sua musa inspiradora.

Ontem, voltando do treino, comentou:

- Sabe, mãe, eu não gosto de treinar "salto", não sou boa, não gosto, às vezes tenho medo. Acho que a Jéssica (professora) devia me liberar de saltar.
- Mas pode isso, Sofia?! 
- A Flavia Saraiva não compete no salto. Atleta não precisa ser boa em tudo, treinar todos os aparelhos. 

Por enquanto ela ainda não conseguiu ser liberada dos saltos, mas não desanimou de convencer a professora do contrário. Como ela boa em argumentação, não duvido que consiga alguma hora.

Nas últimas semanas, uma novidade, minha pequena atleta se habilitou a uma nova função dentro das aulas de ginástica... Quando seu treinamento (de 3 horas!!!) termina, ela fica na aula seguinte, "das pequenas", como auxiliar da professora, mostrando como as alunas devem fazer cada exercício, cada movimento. Com uma turma de 20 meninas seguindo seus exemplos, (claro, menos quando precisam treinar saltos), ela se sente super experiente, importante e feliz.


Com Flavia Saraiva em 2016...


... e em 2017.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Monstro palavrento


Eu era uma pessoa tranquila, não dava a mínima para futebol, não via sentido no sofrimento dos torcedores. Bom, mas eu ERA assim... Depois de muita insistência da turma lá de casa, topei ir ao estádio assistir Corinthians X São Caetano. O que aconteceu naquele dia foi contado aqu no blog: 


Desde então, assumo, virei um monstro quando tem jogo do Corinthians. Tenho vontade de ir ao estádio sempre (o preço impede que esse desejo seja atendido), assisto aos jogos na TV, sei até os nome de alguns jogadores e, para horror das crianças, fico com um vocabulário não muito bonito nos 90 minutos de jogo...

Ontem foi a final do Campeonato Paulista 2018, Palmeiras x Corinthians, no Allianz Parque, casa do Palmeiras (salão de festas do Corinthians, conforme piadinha que recebemos ontem ao final da partida...rs ). Jogo tenso, como esperado. Corinthians campeão, como muito desejado lá em casa!

Durante a partida, Sofia, nervosa, falou:

- Nossa, eu fico muito SUADIÇA nessas horas!

E depois, chocada com uns palavrões, que nem percebi que falei, me deu bronca:

- Que horror, mãe, você está muito PALAVRENTA hoje!!!!


Suor e palavrões à parte, a noite de domingo foi só alegria!!!!

Ontem, Campeão!!!

Dia do jogo no Pacaembu, 4 Corinthians x 0 São Caetano

Mini torcedor

Sofia tendo alegrias desde 2008



quarta-feira, 4 de abril de 2018

Digestório


Ontem eu estava dando uma forcinha para a Sofia enquanto ela fazia a lição de casa de Ciências.  No primeiro exercício, era necessário escrever todo o caminho do alimento (boca, faringe, esôfago...) e ela foi 100% bem sucedida. Toda empolgada, quis ir além da lição e começou a explicar tudo sobre o sistema "DIGESTÓRIO". Me soou estranho e falei:

- Digestório???
- É, digestório, o sistema que faz a digestão dos alimentos.
- Você não quis dizer "DIGESTIVO" (eu estou acostumada com a invenção de palavras da Sofia, então estava certa de que era mais uma palavra criativa dela)
- Não, mãe, é DIGESTÓRIO! - disse ela, me mostrando o livro.

E lá estava: SISTEMA DIGESTÓRIO.

E de repente uma simples lição de casa me faz ter uma certeza: estou definitivamente ficando velha! Fui pesquisar no Google e veio a confirmação: "Sistema digestório (nova nomenclatura de sistema digestivo)".

Depois desse choque de gerações, voltamos à lição de casa, ainda faltava um exercício, sobre o sistema respiratório (ufa! Esse não tem nova nomenclatura!). Sofia, super segura, falou:

- Ah, esse é muito fácil, não preciso de ajuda. 
- É mesmo? O que você tem que fazer?
- Eu só preciso falar como a gente RESPIRA e SUSPIRA.

Expirei aliviada. Sofia continua a mesma.